quinta-feira, 7 de maio de 2015

Sobrepeso, Obesidade e Desnutrição no Brasil.



O processo de transição nutricional é marcado por duas tendências, o declínio da prevalência de desnutrição em crianças e a elevação da taxa de sobrepeso e obesidade em adultos.
Nos últimos anos, o declínio da prevalência da desnutrição (entendido como retardo estatural) em crianças menores de cinco anos, pode ser associado ao aumento da renda per capita, aumento da escolaridade, com a melhoria ao acesso a saúde, melhores condições de saneamento e maior acesso aos meios de comunicação.

Entre 1975 e 1989, essa diminuição no Brasil, segundo dados do IBGE, foi mais rápida no meio urbano, nas regiões sudeste, sul e centro-oeste, com uma redução de 20,5% para 7,5%. No norte o abatimento foi de 39% para 23% e no nordeste de 40,8% para 23,8%. No período entre 1989 e 1996, o ritmo de queda da desnutrição, foi maior nas regiões norte e nordeste. A redução do déficit estatural foi de 72% no Brasil todo.
A partir de 1974, o panorama nutricional do Brasil apresentou mudanças marcantes, houve um arrefecimento da ocorrência da desnutrição, mas por outro lado um aumento a prevalência de sobrepeso e obesidade na população brasileira.
A obesidade triplicou em homens, entre metade dos anos 1970 e inicio dos anos 2000 e aumentou em mais de 50% nas mulheres. Esse aumento nas taxas de obesidade é devido à mudança de hábitos alimentares e sedentarismo da população. A causa disso certamente é produzida pelo crescimento no consumo de alimentos mais industrializados, com grande valor energético, ricos em gordura, sódio e açúcar, que chamamos de dieta urbana. Em resumo, isso acontece devido a vários fatores, entre eles, a inserção da mulher no mercado de trabalho, ofertas de refeições fora de casa, distancia dos locais de trabalho, influencia da mídia, crescimento das indústrias, importação de alimentos, enfraquecimento da produção rural, entre outros.
Considerava-se que a epidemia de sobrepeso e obesidade era maior em populações com poder aquisitivo maior, pois por sua renda ser superior poderiam comprar mais alimentos industrializados, mas agora essa tendência mudou. Há mais ocorrência dessa dislipidemia nas regiões mais pobres do país.
A mudança no padrão alimentar no Brasil reduziu as doenças por carência alimentar, ligadas à desnutrição, porém, em contrapartida fez crescer o índice de distúrbios nutricionais, gerando uma população com indivíduos acima do peso.

REFERÊNCIAS
FILHO, M. B.; SOUZA, A. I.; MIGLIOLI, T. C. Anemia e Obesidade: Um Paradoxo da Transição. Rio de Janeiro, Caderno Saúde Pública 24, 2008, p. 247-257.

FILHO, Malaquias. B.; RISSIN, Anete. A Transição Nutricional no Brasil: Tendências Regionais e Temporais. Rio de Janeiro, Caderno Saúde Pública 19, 2003, p. 181-191.

HOFFMAN, Rodolfo. Pobreza, Insegurança Alimentar e Desnutrição no Brasil. São Paulo, Estudos Avançados 9 (24), 1995, p. 159-172.


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