quinta-feira, 7 de maio de 2015

DOENÇAS E SUAS RELAÇÕES COM O USO DE AGROTÓXICO



Com a evolução da agricultura as safras agrícolas atingiram elevados patamares, em relação à quantidade de alimentos produzidos. Mas por outro lado cresceu também os problemas relacionados à saúde da população e do meio ambiente, devido à intoxicação dos mesmos, sendo causados pelo o uso excessivo dos agrotóxicos.


Porém a preocupação verdadeiramente relevante é que o uso inadequado destes produtos na produção de hortaliças, devido a estas serem consumidas cruas, contendo vários resíduos de agrotóxico, que trazem um impacto muito grande a saúde, sendo extremamente danoso ao organismo humano. A toxicidade destes pode causar repercussão ao sistema nervoso central e periférico, tendo ação imunodepressora ou podendo ser cancerígeno.


O manual de vigilância em saúde de pessoas expostas a agrotóxicos, feito pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 1996), divide a intoxicação causada pelo uso destes pesticidas em três tipos: aguda, quando existem manifestações de sintomas como vômitos ou convulsões, e estes ocorrem em um período de até 24 horas; subaguda; e crônica quando as manifestações dos sintomas ocorrem após semanas, meses ou anos variando de acordo com o tempo de exposição com as características químicas do produto e sua toxicidade. (PEDLOWSKI et. al, 2006).


Entre as enfermidades que atinge o homem aparecem as que são por vias respiratórias, dérmica e digestiva. As mais fáceis de serem reconhecidas são por inalação e contato, por apresentar caráter agudo e por se originarem em locais onde os indivíduos ficam diretamente expostos ao produto, já as intoxicações digestivas verificam-se nos locais de manuseio do produto, mas também fora deles, através da ingestão de alimentos portadores de resíduos tóxicos, podendo assumir quadros clínicos agudos ou crônicos (EVANGELISTA, 2005), é o caso das hortaliças, sendo que a intoxicação acontece por ingestão.


Na cultura de hortaliças no Brasil é permitido a utilização de 302 tipos de agrotóxicos, dentre eles 19 herbicidas, 46 fungicidas e 34 inseticidas. (Theophilo et. al, 2014). Os herbicidas tem a função de destruir ou impossibilitar o crescimento de plantas daninhas, são agentes químicos puros ou combinados. As intoxicações acontecem por via oral e em certos casos por inalação. A clorofenoxis é um tipo de herbicida que provoca lesões nos aparelhos renal, digestivo, no sistema nervoso, no fígado e na pele. Os sintomas são: bradicardia, distúrbios diabetiformes, neuropatia periférica, oliguria, redução do tônus muscular, sensações de mal estar, sudorese, transtornos respiratórios e vômitos (EVANGELISTA, 2005).


Já o paraquat (gramoxome), também classificado como herbicida, é absorvido pelo o organismo pela via oral. Tem efeito cumulativo pulmonar, produz fibrose pulmonar e parenquimatização (alveolite abliterante). Este herbicida tem efeito corrosivo, os sintomas iniciais são a dor de garganta e processos ulcerativos da boca e do esôfago, depois a intoxicação mostra variado quadro clínico, apresentando diarreia, cólica imediata à ingestão, distúrbios da deglutição, lesões hepáticas, lesões renais, lesões pulmonares e transtornos nervosos (convulsões e tremores), podendo levar até a morte. (EVANGELISTA, 2005).


Em relação aos fungicidas, estes são classificados como substâncias químicas, aplicadas nas plantas para eliminar os fungos e evitar a instalação de doenças ocasionadas por estes parasitos. São comercializados como concentrados puros ou misturados com outros defensivos. É constituído por minerais (sais de cobre, mercúrio, ferro, outros), e orgânicos (carbamatos, pentaclorofenóis, metaldeído, metriram,thiram). As intoxicações por eles podem ocorrer por via oral, respiratória e dérmica. A absorção do fungicida oxicloreto de cobre, que é composto por mineral, provoca no organismo do individuo lesões principalmente no aparelho digestivo e no sistema nervoso. No aparelho digestivo ocorrem gastrinterites, náuseas e vômitos, quando esses sintomas não ocorrem, a absorção do pesticida acontece aos poucos levando o paciente à morte. Em relação a origem nervosa, consiste de estados de depressão e de crises convulsivas, dependendo do grau de intoxicação pode-se constatar a anúria, icterícia, pneumonite química, febre, e dependendo do tempo de exposição da pele e da mucosa com o fungicida pode causar processos necróticos desta área. (EVANGELISTA, 2005).


Além disso, os fungicidas que possuem em sua composição mercuriais, se caracterizam por sua ação lesiva do sistema renal e pela sua capacidade cumulativa, apresentando anúria, oligúria, proteinúria, processo urinário e morte, além de crises de diarreias sanguinolentas, dores de cabeça e redução de peso. (EVANGELISTA, 2005).


Os inseticidas possuem atuação contra insetos que destroem a plantação, assim com a intenção de destruir essas pragas foram criados os mais diferentes inseticidas, derivados de hidrocarbonetos clorados, de fosfatos orgânicos, de arsênico e chumbo, de núcleos de terpênicos, etc. Estes se dividem em dois grandes grupos os orgânicos, que são os mais importantes, na qual se incluem os orgânicos-sintético e os inorgânicos. Os orgânicos-sintéticos são divididos em inseticidas clorados, fosforados e carbamatos, que em geral são bastante tóxicos. (EVANGELISTA, 2005).


De modo geral, os inseticidas pertencentes ao grupo dos agrotóxicos, são considerados os mais agressivos para o meio ambiente e para os seres humanos. A introdução exagerada no meio ambiente afeta os ciclos meteorológicos e biológicos, causando o rompimento da cadeia trófica ou alimentar. A cadeia trófica corresponde aos mecanismos que garantem a sobrevivência das espécies e sua manutenção, assegurando para as espécies os alimentos e nutrientes que necessitam. Esses alimentos são obtidos através do solo. Com a ação dos inseticidas estes alimentos ficam comprometidos com um elevado nível de contaminação, comprometendo também as espécies em geral. (EVANGELISTA, 2005).


As intoxicações por inseticidas são os que mais ocorrem na população em geral, causando maiores complicações. A gravidade destas intoxicações depende do tipo de inseticida, sua composição, os efeitos biológicos e sua incidência.





De uma forma geral os agrotóxicos trazem grandes prejuízos para a saúde humana, independente de qual seja a sua classificação química, eles podem causar danos irreversíveis para as pessoas e para o meio ambiente.






Referências:






EVANGELISTA, José. Alimentos: um estudo abrangente. São Paulo, SP: Atheneu, 2005. 450 p.





PEDLOWSKY, M. A. et al. Um Estudo sobre a Utilização de Agrotóxicos e os Riscos de Contaminação num Assentamento de Reforma Agrária no Norte Fluminense. J. Braz. Soc. Ecotoxicol., v. 1, n. 2, 2006.

Nenhum comentário:

Postar um comentário