O processo de transição nutricional é marcado por duas tendências, o
declínio da prevalência de desnutrição em crianças e a elevação da taxa de
sobrepeso e obesidade em adultos.
Nos últimos anos, o declínio da prevalência da desnutrição (entendido
como retardo estatural) em crianças menores de cinco anos, pode ser associado
ao aumento da renda per capita, aumento da escolaridade, com a melhoria ao
acesso a saúde, melhores condições de saneamento e maior acesso aos meios de
comunicação.
Entre 1975 e 1989, essa diminuição no Brasil, segundo dados do IBGE, foi
mais rápida no meio urbano, nas regiões sudeste, sul e centro-oeste, com uma
redução de 20,5% para 7,5%. No norte o abatimento foi de 39% para 23% e no
nordeste de 40,8% para 23,8%. No período entre 1989 e 1996, o ritmo de queda da
desnutrição, foi maior nas regiões norte e nordeste. A redução do déficit
estatural foi de 72% no Brasil todo.
A partir de 1974, o panorama nutricional do Brasil apresentou mudanças
marcantes, houve um arrefecimento da ocorrência da desnutrição, mas por outro
lado um aumento a prevalência de sobrepeso e obesidade na população brasileira.
A obesidade triplicou em homens, entre metade dos anos 1970 e inicio dos
anos 2000 e aumentou em mais de 50% nas mulheres. Esse aumento nas taxas de
obesidade é devido à mudança de hábitos alimentares e sedentarismo da
população. A causa disso certamente é produzida pelo crescimento no consumo de
alimentos mais industrializados, com grande valor energético, ricos em gordura,
sódio e açúcar, que chamamos de dieta urbana. Em resumo, isso acontece devido a
vários fatores, entre eles, a inserção da mulher no mercado de trabalho,
ofertas de refeições fora de casa, distancia dos locais de trabalho, influencia
da mídia, crescimento das indústrias, importação de alimentos, enfraquecimento
da produção rural, entre outros.
Considerava-se que a epidemia de sobrepeso e obesidade era maior em
populações com poder aquisitivo maior, pois por sua renda ser superior poderiam
comprar mais alimentos industrializados, mas agora essa tendência mudou. Há
mais ocorrência dessa dislipidemia nas regiões mais pobres do país.
A mudança no padrão alimentar no Brasil reduziu as doenças por carência
alimentar, ligadas à desnutrição, porém, em contrapartida fez crescer o índice
de distúrbios nutricionais, gerando uma população com indivíduos acima do peso.
REFERÊNCIAS
FILHO, M. B.; SOUZA,
A. I.; MIGLIOLI, T. C. Anemia e
Obesidade: Um Paradoxo da Transição. Rio de Janeiro, Caderno Saúde Pública 24, 2008, p. 247-257.
FILHO, Malaquias. B.;
RISSIN, Anete. A Transição Nutricional
no Brasil: Tendências Regionais e Temporais. Rio de Janeiro, Caderno Saúde Pública 19, 2003, p. 181-191.
HOFFMAN, Rodolfo. Pobreza, Insegurança Alimentar e
Desnutrição no Brasil. São Paulo, Estudos Avançados 9 (24), 1995, p.
159-172.
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